Liderança Karipuna pede retomada de fiscalização em terra invadida por grileiros e madeireiros

A Terra Indígena Karipuna, situada nos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré, em Rondônia, foi homologada em 1998, com uma área de 153 mil hectares. Estima-se que, pelo menos, 11 mil hectares tenham sido devastados devido a atuação de grileiros e madeireiros ilegais na região.

A ação de invasores e as ameaças têm se intensificado nos últimos anos, e os indígenas que vivem na área pedem socorro. A liderança Adriano Karipuna ressalta que o território tradicional está desprotegido.

“Atualmente a terra indígena está desprotegida, porque não está tendo fiscalização para proteger. Nossas terras estão todas furadas, árvores foram cortadas para fazer caminho para tirar madeira. Onde existiam os castanhais, que era nosso meio de economia indígena, eles não existem mais, porque os invasores tiraram as castanheiras para vender. Os rios estão muito contaminados, porque no entorno da terra indígena existe muita lavoura grande. Então estamos pedindo socorro, mesmo”.

Além da proteção do território e da integridade física dos Karipuna, Adriano pede apoio do governo para que os indígenas se desenvolvam economicamente utilizando os conhecimentos que possuem para o uso da terra.

O Ministério Público Federal em Rondônia acompanha a situação na área e criou a Força Tarefa Amazônia, que conta com a participação da Polícia Federal, Exército Brasileiro, Ibama, Funai, Polícia Militar Ambiental do estado, Força Nacional de Segurança Pública, entre outros órgãos.

Uma ação conjunta, a SOS Karipuna, fez duas grandes operações em junho deste ano: uma com foco no combate à grilagem, o loteamento e a comercialização de áreas no interior da Terra Indígena; e outra contra um esquema ilegal de comercialização de madeira extraída na região. Ao todo, 30 pessoas e oito empresas foram denunciadas por diversos crimes, com pedido de indenização no valor de R$ 57 milhões.

Apesar do resultado positivo das operações, o procurador da República Daniel Lobo destaca que ainda há grupos criminosos atuando na área indígena, e que o trabalho de investigação e as operações da Força Tarefa vão continuar.

“Esse enfrentamento à grilagem da terra indígena Karipuna vai ter continuidade. A investigação continua. E também em relação à exploração madeireira. A gente tem trabalhado para identificar os atores que permanecem explorando a terra. É bom frisar que essa ação foi efetiva no aspecto da redução da intensidade das invasões. Há, sem dúvida, uma redução nas ações tanto de madeireiros como de grileiros, mas as ações não cessaram, o que demanda a continuidade do trabalho”.

Solicitamos ao Ibama, a Funai, ao Ministério da Justiça e ao Governo de Rondônia um posicionamento sobre a situação na Terra Indígena Karipuna, mas até o fechamento desta reportagem, não tivemos retorno.

Bianca Paiva

FONTE: RADIOAGÊNCIA NACIONAL – EBC

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