Com projeto de hortas comunitárias, indígenas do Médio Purus geram renda para suas aldeias

Os 51 canteiros construídos no mês de março em cinco aldeias da Terra Indígena Caititu já começaram a produzir hortaliças, gerar renda e fortalecer a segurança alimentar naquelas comunidades indígenas.

Fotos: José Apurinã, CR Médio Purus/Funai

Destaque para a produção de tomate, maxixe, couve, chicória, alface, pimenta, coentro e cebolinha. Aproximadamente de 160 indígenas foram beneficiados com a construção dos canteiros.

Parte da produção é comercializada nas feiras de Lábrea/AM, cidade mais próxima à da Terra Indígena Caititu, cuja extensão é de 308 mil hectares. A construção dos canteiros, que começou no início de março deste ano, contou com o apoio da Coordenação Regional Médio Purus/Funai na articulação das aldeias durante a fase de planejamento e no apoio logístico com transporte e combustível. As comunidades indígenas também receberam o apoio Prefeitura de Lábrea com fornecimento de sementes, adubos e supervisão dos técnicos agrícolas.

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Uma das lideranças indígenas na região, o cacique Raimundo Apurinã, fala com esperança sobre o projeto dos canteiros comunitários. “Foi um grande avanço que tivemos. Uma grande melhoria porque nunca alcançamos esse objetivo. Mas com ajuda da Funai e da Prefeitura, nós estamos realizando um sonho dessas comunidades e vamos tentar a cada dia chegar mais na frente com esses canteiros”, resume o cacique.

Para o coordenador substituto da Coordenação Regional Médio Purus/Funai, José Apurinã, a participação da Fundação nos projetos das hortas comunitárias deve-se a uma resposta ao “crescimento de demandas das comunidades indígenas que têm solicitado apoio para a construção de novos canteiros. Uma horta comunitária é o meio de subsistência onde se pode gerar renda para as famílias nas aldeais”, afirma.

Além da T. I. Caititu — onde habitam os povos Apurinã, Jamamadi e Paumari, o projeto dos canteiros deve ser ampliado para outras comunidades. De acordo com José Apurinã, aldeias de três territórios indígenas já demostraram interesse em implementar o projeto nas Terras Indígenas Paumari do Lago Marahã, Paumari do Rio Ituxi e Jarawara/Jamamadi. Nesses três territórios vivem cerca de 2.000 pessoas (Funai/Médio Purus, 2010).

Agricultura indígena

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Para o engenheiro agrônomo, Leopoldo Feldens, no livro “O homem, a agricultura e a história” (Ed. Univates, 2018), durante as “diversas fases históricas do Brasil pré-colonial, a agricultura indígena primou pelo extrativismo equilibrado e pela agricultura de subsistência”. Ele afirma que “o cultivo de certas espécies era precedido pela prática da coivara, que “consistia no corte e na queima de modo controlado e com baixo impacto ambiental. Consistia na derrubada de pequeno trecho de mata (…) e a posterior queima, para que, no início do período chuvoso, se iniciasse o plantio”.

Feldens relata que “algumas etnias conheciam calendários de plantio oriundos de conhecimentos ancestrais, seleção de espécies mais produtivas e até já buscavam uma primitiva diversificação de culturas”. De acordo com o agrônomo, algumas aldeias “tinham roças razoavelmente grandes; já outras, plantações bem pequenas. Plantavam favas, arroz, feijão, diferentes espécies de milho, banana, abóbora e melancia. O milho nem sempre se desenvolvia bem em áreas onde a batata doce predominava. Esta última era a alimentação preferida e difundida” pelos Povos Kaiapó, Timbira e Xavante.

Bibliografia

Leopoldo Feldens é graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com pós-graduação em Ecologia Humana pela UNISINOS.

Assessoria de Comunicação Social – Funai – com informações da CR Médio Purus/AM    

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