Funai promove etnoconservação de quelônios na Terra Indígena Uaçá (AP)

Entre os dias 27 e 30 de maio, a Fundação Nacional do Índio, por meio da Coordenação Regional do Amapá e Norte do Pará, realizou, em parceria com o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), mais uma etapa de soltura de quelônios na Terra Indígena (TI) Uaçá.

Alunos da aldeia Santa Isabel, etnia Karipuna, realizam a soltura em porto da aldeia. Foto: Rennan Martins.

A atividade se insere no Plano de Gestão Territorial e Ambiental dos Povos Indígenas do Oiapoque (AP), e é construída conjuntamente com os Agentes Ambientais Indígenas (Agamin) atuantes na TI.

O programa de etnoconservação de quelônios dos Povos Indígenas do Oiapoque realiza o manejo do tracajá (Podocnemis unifilis) com o objetivo de promover a segurança alimentar e a educação ambiental. Os Agamin coletam ovos depositados nas praias dos rios e os colocam numa incubadora, estrutura de madeira elevada que permite o eclodir natural, ao mesmo tempo em que evita a predação. Após um período de maturação, os filhotes são soltos pelas crianças e adolescentes das aldeias nos ambientes propícios escolhidos pelos moradores. No dia da soltura, os técnicos e professores realizam palestras de sensibilização ambiental aos alunos, num evento que envolve tanto a comunidade quanto a escola. A Funai colabora com o projeto por meio do apoio da Coordenação-Geral de Gestão Ambiental (CGGAM) à formação dos Agamin e à logística necessária para sua execução.

Nesta etapa de soltura, os eventos ocorreram nas aldeias Santa Isabel, Flecha e Kumenê. A primeira é habitada pelo povo Karipuna e se situa às margens do rio Curipi. As demais são aldeias do povo Palikur e estão localizadas no rio Urukauá. Foram soltos 80 filhotes em Santa Isabel, 70 na aldeia Flecha e 140 na aldeia Kumenê, totalizando 290 filhotes. Cerca de 250 alunos indígenas do ensino fundamental e médio participaram ativamente da soltura.

 

“Na minha aldeia eu tirei 50 ovos de tracajá e plantei, nasceram 48, e fiz a soltura na aldeia Uahá junto com os alunos, professores e o diretor da escola. É importante porque estava diminuindo muito o tracajá nas aldeias, na região, por isso nós resolvemos fazer esse pequeno projeto na comunidade”, destaca Gilmar Nunes, Agente Ambiental Indígena.

“Os caciques e os professores estão gostando, e principalmente os alunos, eles estão gostando demais, eles perguntam: – Ei Severino, quando é que nós vamos soltar tracajá?”, comemora Severino dos Santos, Agente Ambiental Indígena.

Esse manejo, realizado em todo o complexo das terras indígenas do Oiapoque (Uaçá, Galibi e Juminã), implementa uma das ações constantes no Plano de Vida dos Povos Indígenas do Oiapoque. Esse documento, elaborado em amplo processo de construção e deliberação histórica e conjunta, se configura como um instrumento de planejamento das ações de gestão territorial e ambiental dessas TIs, a partir das discussões, reflexões e acordos dos povos indígenas da região (Galibi-Marworno, Karipuna, Palikur e Galibi-Kalinan), visando orientar o Estado na implementação de políticas públicas culturalmente adequadas.

Por meio do apoio à conservação de quelônios em terras indígenas, a Funai promove a conservação, recuperação e o uso sustentável desse recurso natural valorizando o manejo etnoecológico da espécie, dos ecossistemas e da biodiversidade, além de contribuir para a melhoria das condições socioambientais das aldeias e dos territórios envolvidos.

Rennan Martins –  CR Amapá e Norte do Pará

FONTE: Funai 

 

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