Parecer da Embrapa subsidia autorização do plantio do algodão transgênico em Rondônia

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) autorizou o plantio do algodão geneticamente modificado (GM) no estado de Rondônia. A decisão foi tomada no dia 4 de outubro e teve por base o conhecimento da Embrapa, enviado por meio de parecer técnico.

Após a homologação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o estado sairá da zona de exclusão para o plantio desse tipo algodão. A liberação dá aos agricultores uma nova possibilidade de cultivo além do algodão convencional.

Paulo Barroso, pesquisador da Embrapa Territorial e responsável pelo parecer, explica que a elaboração do documento considerou informações provenientes de levantamento de campo, entrevistas com agricultores, literatura científica e análises técnicas. Em junho deste ano, uma equipe da Embrapa visitou 20 dos 52 municípios do estado com o intuito de levantar as informações.

A incerteza da perda da diversidade genética das espécies naturais após a inserção do algodão GM era uma das justificativas para restringir o seu cultivo. O levantamento da Embrapa mostrou que a espécie de algodoeiro existente em Rondônia (Gossypium barbadense) é encontrada dentro dos quintais de residências das zonas rural e urbana e tem por finalidade o uso medicinal. O levantamento também concluiu que o fluxo gênico não representa um risco para a permanência dessa espécie no estado.

Segundo o documento, entre 2002 e 2015, não foi cultivado nenhum hectare de algodoeiro em solo rondoniense. Em 2016, uma pequena área de 350 ha foi plantada. Com a liberação da cultivar transgênica, a expectativa é de ampliar a área do cultivo.

Vicente Godinho, pesquisador da Embrapa Rondônia, acredita que o algodão GM ocupará cerca de 10% da área de plantio de soja no estado, sendo cultivado na safrinha (plantio em janeiro). Ele observa também que os potenciais produtores de algodão em Rondônia são aqueles altamente tecnificados.

Zona de exclusão
Rondônia estava incluída nas zonas de exclusão para o plantio do algodão GM. Essas áreas foram instituídas em 2005 pela CTNBio com o objetivo de preservar a variabilidade de algodoeiros não cultivados (nativos e naturalizados) de eventuais efeitos adversos decorrentes do fluxo gênico com algodoeiros GM. Na época, lembra Barroso, havia incertezas quanto à interação de organismos transgênicos com o meio ambiente.

No entanto, coloca Barroso, com o passar dos anos, as preocupações tornaram-se infundadas. O pesquisador ressalta que a experiência brasileira com algodoeiros geneticamente modificados soma mais de 13 anos e não há qualquer indício de prejuízos ao meio ambiente, mesmo em Mato Grosso e no Oeste da Bahia – regiões em que o cultivo do algodoeiro é realizado em maior escala.

Os estados do Tocantins e de Roraima também estavam na zona de exclusão original e obtiveram autorização da CTNBio para o plantio de algodoeiros GM em 2013 e 2015, respectivamente.

Fortalecer o agronegócio

O pedido para que o estado saísse da zona de exclusão partiu da Secretaria de Agricultura de Rondônia. José Paulo Gonçales, titular da pasta, acredita que o cultivo do algodoeiro GM contribuirá para elevar a produtividade da cultura e fortalecerá o agronegócio na região, gerando renda e emprego. “[Ele é] uma boa opção para substituir o algodão convencional, pois esse tipo de cultura tem muito despesas”, observa. Atualmente, ele informa, a soja, o arroz e o milho são os principais produtos cultivados no solo rondoniense.

Vicente Godinho, pesquisador da Embrapa Rondônia, explica que o estado é dependente do caroço de algodão que vem do Mato Grosso para atender à demanda utilizada em seus confinamentos, nas rações oferecidas ao rebanho. Com a liberação do cultivo do algodão, ele observa, pode-se suprir esta demanda interna de caroço de algodão utilizado na pecuária do estado.

Gerente da Fazenda Independência, localizada em Vilhena, a 705 km da capital do estado, Luís Carlos Suzini considera que o cultivo do algodão convencional tornou-se inviável. “Em outros estados, não inclusos na zona de exclusão, ele é oferecido para o mercado em preço menor”. Com o algodão transgênico, ele acredita, Rondônia poderá competir de igual para igual.

De acordo com Luís, neste ano, a Fazenda Independência cultivou 110 hectares de algodão convencional. Com a aprovação do cultivo de algodão GM, ele estima ampliar essa área para dois mil ha.

 

Foto: Paulo Barroso

Alan Rodrigues (MTb JP/CE 2625)
Embrapa Territorial

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