O lugar estratégico da biodiversidade para o desenvolvimento nacional

Mais de 100 especialistas sintetizam as conclusões de uma década de pesquisas sobre a biodiversidade nacional e apresentam como subsídio aos gestores brasileiros. Com o documento em mãos, os tomadores de decisão podem avaliar com mais precisão o impacto de suas ações no país, que detém a maior diversidade biológica do planeta e cujo declínio tem consequências para além de suas fronteiras. O Museu Goeldi colabora ativamente no estudo.

Cento e vinte pesquisadores articulados na Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) tornam público nesta quinta-feira (8) um “Sumário para Tomadores de Decisão” do 1º Diagnóstico Brasileiro sobre o tema. O documento é um elemento importante para o diálogo com os gestores públicos de todas as esferas – nacional, estadual e municipal.

Biodiversidade é a variabilidade de organismos vivos de todas as origens (ecossistemas terrestres e marinhos, outros sistemas aquáticos) e os complexos ecológicos da qual fazem parte. Por sua vez, os serviços ecossistêmicos são os benefícios proporcionados pela natureza que sustentam a vida no planeta, como água limpa, ar puro, alimentos, regulação do clima e proteção contra desastres naturais, energia, polinização, lazer e até bens culturais e valores emocionais.

Detentor da maior biodiversidade do planeta, o Brasil tem uma janela de tempo e de oportunidades limitada para assegurar a base de um futuro sustentável no território nacional. Seu extenso patrimônio natural, especialmente a diversidade biológica, cantada em prosa e verso e representada na bandeira nacional, precisa ser assegurada. Alterações climáticas e as atividades humanas relacionadas a mudança no uso da terra estão acelerando a perda da diversidade de espécies.

Ima Vieira, pesquisadora sênior do Museu Paraense Emílio Goeldi, representou a instituição na organização do documento, que identifica como um instrumento essencial para entender o que acontece hoje com os ativos ambientais no Brasil. Ima coordenou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, cujos resultados são encontrados em diversas publicações e exposições, que revelam ao público alguns dos processos observados no Arco do Desmatamento do maior bioma nacional – a Amazônia. Os visitantes do Museu Goeldi que queiram entender em linguagem mais acessível este tema, ainda têm a chance de visitar a exposição “Transformações – a Amazônia e o Antropoceno” em cartaz no prédio da Rocinha.

“Construir uma síntese como esse Sumário não é tarefa fácil. Os profissionais envolvidos estão de parabéns pelo resultado alcançado neste trabalho, que acena para o diálogo com tomadores de decisão. E o MPEG tem muito a contribuir nesse processo, detentor que é de conhecimento consolidado sobre a biodiversidade amazônica e das ameaças sobre ela. A proteção desse patrimônio é possível de ser realizada com instituições de pesquisa fortalecidas com recursos financeiros e humanos que permitam efetivar uma agenda científica de modo a avançar para preencher com conhecimento as lacunas verificadas no diagnóstico, na conservação e manejo da biodiversidade brasileira. Este é um trabalho que deve ser efetivado em parceria com os agentes envolvidos: populações locais, órgãos de gestão, produtores e empresários”, explica Vieira.

Diversidade em números:

– Megadiversidade: o território nacional abriga cerca de 42 mil espécies vegetais + 9 mil espécies de vertebrados + 129 mil invertebrados conhecidos;

– Espécies ameaçadas: 1.173 da fauna + 2.118 da flora;

– De 141 culturas agrícolas analisadas no país, 85 dependem de polinização por animais;

– Mais de 245 espécies da flora brasileira são base de produtos cosméticos e farmacêuticos;

– O Brasil exporta mais de 350 tipos de produtos agrícolas e a agricultura familiar produz 70% do que é consumido pela população brasileira;

– 2/3 da energia elétrica consumida no Brasil provém de usinas hidrelétricas que dependem da integridade de ecossistemas;

– O Brasil é o terceiro maior país exportador de produtos da silvicultura;

– O setor do turismo no Brasil gera 43 mil empregos e agrega R$ 1,5 bilhão ao Produto Interno Bruto (PIB) do país;

– Estima-se que, entre 2013 e 2025 o Brasil dobrará sua produção pesqueira, passando a produzir 1.145 mil toneladas de pescado;

– Pobreza verde: cerca de 40% da cobertura vegetal do Brasil está contida em 400 municípios, onde vivem 13% da população brasileira economicamente mais carente;

– Nação multicultural: as comunidades tradicionais no país constituem 5 milhões de brasileiros, que ocupam ¼ do território nacional. O país também é a casa de 900 mil indígenas, pertencentes a 305 etnias e falantes de 274 línguas;

– O Brasil abriga mais de 500 sítios naturais sagrados associados a múltiplas manifestações culturais.

Para saber mais, clique aqui e acesse a notícia completa do BPBES sobre o Sumário.

FONTE – Agência Museu Goeldi –  Notícias             

 

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