G20 – Macron Ameaça retaliação pela posição do Brasil contra COP25

Macron cita mudança política no Brasil e diz que não apoia acordo comercial com países que não respeitam o Acordo de Paris.

Jair Bolsonaro já mencionou deixar acordo climático global e acaba de decidir que o Brasil não sediará a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.

O presidente francês Emmanuel Macron, que está em Buenos Aires para a a reunião do G20, disse na tarde desta quinta-feira (29NOV2018) que o Brasil passou por uma mudança política e que é contra assinar acordos comerciais amplos com países que não respeitam o Acordo de Paris, no qual os países se comprometem a agir contra as mudanças climáticas.

O presidente eleito brasileiro Jair Bolsonaro já disse que o Brasil pode abandonar o acordo e acaba de solicitar que o país não sedie no ano que vem, como estava previsto, a COP 25, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em que se avançará na implementação do Acordo de Paris.

O Mercosul, bloco econômico formado pelo Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai tenta há quase duas décadas selar um tratado de livre-comércio com os países da União Europeia.

“Assumimos compromissos claros em Paris e estes desafios devem responder também a desafios mais globais”, disse Macron ao comentar o avanço de acordos comerciais com a Argentina. “Mas no Mercosul houve uma mudança política importante, no Brasil, recentemente, então o Mercosul precisa refletir a natureza do impacto desta mudança. E eu disse claramente que da parte francesa, não sou favorável a que se assinem acordos comerciais amplos com potências que não respeitam o Acordo de Paris e que assim anunciaram”, completou o francês numa entrevisa coletiva com o seu homólogo argentino Mauricio Macri.

“Eu me ponho numa situação em que peço a meus atores econômicos, a meus trabalhadores, a meus industriais que façam esforços para se adaptar e respeitar o Acordo de Paris, às vezes é difícil, e é necessário acompanhá-los. São sacrifícios. E em seguida vamos assinar acordos comerciais com países que não respeitam o Acordo e dizendo além disso claramente que eles não fazem nenhum esforço? Assim não se pode avançar”, afirmou o presidente da França.

Bolsonaro e o clima

No começo de setembro, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris (assinado por 195 países com o objetivo de reduzir o aquecimento global) porque, no entendimento dele, o Brasil teria de abrir mão de 136 milhões de hectares na Amazônia e isso afetaria a soberania nacional.

Essa área, segundo sites de meio ambiente na internet, é apelidada de “Corredor Triplo A”, uma proposta de corredor ecológico internacional que ligaria os Andes ao Atlântico.

Durante entrevista nesta quarta (28), Bolsonaro falou do “Triplo A” ao responder uma pergunta sobre a desistência do Brasil de receber a COP 25.

“Está em jogo o Triplo A nesse acordo. O que é o Corredor Triplo A? É uma grande faixa que pega dos Andes, Amazônia e Atlântico, 136 milhões de hectares, ali, então, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, e que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área”, disse.

“Quero deixar bem claro como futuro presidente que, se isso for o contrapeso, nós, com toda certeza, teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, eu não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos [pela realização da COP] que seriam, no meu entender bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento”, declarou.

FONTE: DefesaNet – G20 – Macron Ameaça retaliação pela posição do Brasil contra COP25 – DefesaNet 

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Um comentário em “G20 – Macron Ameaça retaliação pela posição do Brasil contra COP25”

  1. Bolsonaro está correto, por pelo menos 2 motivos. Um, o alto custo, vis-à-vis a situação econômica do país. Segundo, estava sendo preparada na reunião da COP25, e possivelmente também no próximo sínodo da igreja católica, a proposição formal da instituição do Triplo A. É conveniente e importante salientar o mais cedo possível a posição do país. Quanto ao fato da proposição ter sido apoiada pelo governo anterior da Colômbia, a área amazônica daquele país tem pouco valor para ele, o que não é o caso do Brasil.

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