Bolsonaro quer colocar freios no ativismo ambientalista-indigenista

Pela primeira vez em décadas, um candidato presidencial se dispõe a confrontar a sério o aparato ambientalista-indigenista que opera sem rédeas no Brasil, desde o final da década de 1980. Estamos falando do deputado federal Jair Bolsonaro, candidato do PSL, favorito para a disputa do segundo turno, após ter ficado a menos de quatro pontos percentuais de vencer no primeiro.

Em entrevista ao Jornal da Band (09/10/2018), Bolsonaro reafirmou o que já havia manifestado em diversas ocasiões, a começar pela fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Além disto, reiterou que pretende colocar freios nas “indústrias” de multas ambientais e demarcações de terras indígenas, além de se contrapor ao “ativismo xiita ambiental”.

Bolsonaro afirmou que as invasões de propriedades rurais serão tratadas como se fossem atos terroristas:

O homem do campo é tido como alguém que faz coisa errada, prejudica o meio ambiente. Não, o homem do campo quer uma retaguarda jurídica, a garantia jurídica de que hoje a terra é dele. Se alguém invadir amanhã, o Estado vai fazer (a) reintegração de posse, vai enquadrar o invasor como se fosse terrorista. E mais ainda: ele não quer acordar amanhã com uma portaria do Ministério da Justiça, demarcando a sua fazenda, a metade dela, como terra indígena, ele não quer isso. Então, o campo precisa disso, e outras coisas: infraestrutura, acabar com a indústria da multa… ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade], Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], parte dos fiscais vão para o campo para multar os caras, prejudicando quem quer produzir.

Se depender das suas intenções, o ativismo indigenista poderá estar com os dias contados no País:

Para acabar com a briga do Ministério do Meio Ambiente com o Ministério da Agricultura, nós vamos fundir esses ministérios – Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente. Não pode ter esse ativismo xiita ambiental no Brasil. Nós vamos botar um ponto final na indústria das demarcações de terras indígenas. Eu estive várias vezes, ao longo de quatro anos, com lideranças indígenas pelo Brasil. O índio não quer ser latifundiário, ele quer ser uma pessoa que usa a tua terra, que ele possa arrendar a tua terra, que ele possa fazer negócios com a tua terra. Ele quer energia elétrica, para não ter que se desgastar mais na casa de farinha, ele quer um dentista para arrancar o toco da tua boca, um médico para atendê-lo. Ele é um ser humano igual a nós, não quer continuar sendo usado por políticas que não interessam ao desenvolvimento do Brasil, como, por exemplo, existe em Roraima.

Em uma entrevista à agência Reuters (10/10/2018), Luiz Antônio Nabhan Garcia, produtor rural e cotado para a futura pasta combinada da Agricultura e Meio Ambiente, reforçou os pontos apresentados por Bolsonaro, em especial, sobre a “indústria das multas”.

“Não pode ter uma indústria da multa punitiva. Tem que ser uma indústria construtiva e educativa… Quem cometeu infração tem que ser punido, mas antes é preciso um projeto educacional, mostrar como preservar”, disse ele.

Para Garcia, parte disso se deve a uma intenção arrecadatória do Estado: “O Estado quer arrecadar e tem que acabar com isso. Aí o produtor fica dez anos se defendendo na Justiça.”

Ele é igualmente crítico de funcionários dos órgãos ambientais que estariam “a serviço das ONGs, escusas e do interesse internacional”, e afirmou que é preciso zerar o repasse de recursos públicos para ONGs que atuam no Brasil, “porque milhares delas estão atuando com interesses escusos”.

Da mesma forma, Garcia, que é um dos líderes da União Democrática Ruralista (UDR), negou que um futuro governo Bolsonaro pretenda privilegiar os grandes produtores, em detrimento dos pequenos: “Isso é papo furado dessas ideologias doentias que existem aí. Pelo contrário, não tem essa divisão. Isso é ranço do PT. Vamos incentivar a agricultura familiar. Pequeno, médio e grande produtor estão na mesa, e isso (de priorizar os grandes) é piada.”, declarou ele.

Porém, ele afirmou que os produtores agrícolas de menor porte têm dificuldades para acessar as linhas de crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), enquanto grandes empresas do setor de carnes conseguiriam com facilidade.

“O BNDES, em vez de bancar frigorífico, tem que oferecer à base da indústria agro. O produtor para conseguir merreca fica seis meses, um ano sendo humilhando no BNDES. Isso vai acabar. Faremos política para todo mundo e não para um monopólio”, disparou.

A ver.

FONTE: in Ambientalismo 11 de outubro de 2018

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NOTA

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