Venezuela ameaça cortar o fornecimento de energia elétrica para Roraima a partir da primeira

País vizinho cobra uma dívida não paga e ameaça cortar abastecimento em setembro. Se isso ocorrer, conta de luz de todos os brasileiros vai ficar ainda mais cara. 


Como Roraima é um sistema isolado, recebe o subsídio de Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), embutido na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), rateada entre todos os brasileiros, na conta de luz. 

A Venezuela ameaça cortar o fornecimento de energia elétrica para Roraima a partir da primeira semana de setembro. Em junho, o país vizinho deu 90 dias ao governo brasileiro para quitar pendências no pagamento à estatal venezuelana Corpoelec. A dívida acumulada seria de US$ 30 milhões, conforme informações do Valor, e o prazo está chegando ao fim. 

Para o presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), Mario Menel, se isso ocorrer, será necessário queimar mais óleo diesel nas térmicas que operam em Roraima e até mesmo levar uma termelétrica para o estado. O que encareceria a tarifa de energia de todos os brasileiros.   

 

Roraima é o único estado do país fora do sistema interligado nacional, abastecido, em dois terços, pela importação de energia gerada na Usina Guri, na Venezuela. O restante é de termelétricas. Como é um sistema isolado, recebe o subsídio de Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), embutido na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), rateada entre todos os brasileiros, na conta de luz.

 

Menel explicou que o país previa uma linha de transmissão ligando Manaus a Boa Vista, capital da Roraima, para reduzir a dependência da importação do país vizinho. “Como a Venezuela está com problemas graves, a qualidade do fornecimento é muito ruim. Roraima tem apagões constantes”, disse.

Linhão
Para evitar isso, o Brasil chegou a licitar o linhão Manaus—Boa Vista, concessão vencida pela empresa Alusa, que deveria ter iniciado as operações em 2015. No entanto, por conta de dificuldades no licenciamento ambiental, até hoje, a obra não foi construída. “Essa linha tem perto de 1 mil quilômetros (km), mas 163 km passam por uma reserva indígena. O que está sendo discutido agora, emergencialmente, é dividir a linha em lotes para obter licenciamento dos trechos que não estão na reserva, enquanto se tenta negociar com os índios alguma contrapartida para liberar o resto”, explicou. 
De acordo com o presidente do Fase, Roraima tem muitas áreas indígenas e de proteção ambiental. No entanto, o linhão passaria paralelamente a uma estrada de rodagem, que já obteve a licença. “Coisas do Brasil”, lamentou. Para o especialista, como vai consumir mais combustível se tiver que gerar energia apenas das térmicas, a conta vai acabar sendo paga por todos os brasileiros. “Além disso, seria necessário levar outra térmica para lá. Transportar uma usina não é fácil”, comentou.

 

SK Simone Kafruni 

(foto: Reprodução / Internet)

FONTE: Jornal Correio Braziliense

 

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