A fauna amazônica nos estudos de iniciação científica do Goeldi

27 estudos são apresentados na terceira sessão do Seminário PIBIC/PIBIT do Museu Goeldi.

Dividida em dois dias (27 e 28), a terceira sessão do XXVI Seminário PIBIC e II Seminário PIBITI do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) concentra as pesquisas desenvolvidas na grande área da “Sistemática e Ecologia Animal”.      

Ao todo, 27 bolsistas apresentam seus estudos que abordam a fauna amazônica. Na quarta-feira (27), a sessão será coordenada por Ulisses Galatti, e na quinta-feira (28), por  Alberto Akama, ambos pesquisadores da Coordenação de Zoologia da instituição. O avaliador externo é o professor Lincoln Silva Carneiro, da Universidade Federal do Pará (Campus de Cametá). O Seminário de Iniciação Científica encerra nesta sexta-feira (29), no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi.

Répteis e anfíbios – O trabalho que abre as exposições orais desta quarta-feira (27) é de Andrew Barros Alves, que fez uma verificação das serpentes da espécie Erythrolamprus carajasensis, baseada na análise e descrição das variações dos caracteres morfológicos internos e externos.

Ainda tendo como foco de estudo as serpentes, Paula Sabrina Arruda Coelho caracterizou a morfologia externa e interna da cobra-cipó (Chironius scurrulus), levando em consideração a variação ontogenética e geográfica da espécie.

Mas, a paixão de outros dois bolsistas são os anfíbios. Em sua pesquisa, Gabriel Costa Oliveira visa sanar a carência de estudos de revisão morfológica, variação geográfica e redescrição da perereca amazônica Callimedusa tomopterma. Já o trabalho de Izadora Emanuelle Costa Silva, teve como objetivo identificar possíveis espécies novas em Physalaemus ephippifer, um grupo muito diversificado.

Mamíferos – Por sua vez, Jéssica Ventura Oliveira buscou conhecer as estimativas atualizadas sobre a mortalidade acidental de golfinhos do litoral amazônico pela frota pesqueira artesanal da costa leste da Ilha de Marajó.

Já o trabalho de Andreza Cristina Soeiro do Nascimento atualizou a lista de espécimes de morcegos (Mammalia: Chiroptera) disponíveis na coleção do Museu Goeldi, verificando a distribuição, riqueza e abundância das espécies representadas.

Peixes – Uma nova espécie de peixe é descrita na pesquisa de Ivanilza da Silveira Silva.Hemiodus Müller (Teleostei: Characiformes: Hemiodontidae) é proveniente da bacia do rio Xingu (PA) e tem como característica a presença de dentes que trituram na mandíbula superior.

Predominantemente marinho e tendo como principais características o esqueleto cartilaginoso, escamas placoides e fecundação interna, o grupo que desperta o interesse de Luiza Lima Baruch Silva são os tubarões e arraias (elasmobrânquios) depositados na coleção do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Ela realizou um estudo taxonômico 224 lotes.

Rayla Roberta Magalhães de Souza Serra gosta dos peixes ósseos, cuja história evolutiva começou no Triássico.  Rayla descreve em seu trabalho dados morfométricos e merísticos de espécies de teleostei presentes na costa do Brasil, detectando diferenças ao nível populacional. Sua investigação se deteve especialmente na espécie Haemulon plumierii, conhecida como “cambuba” no Brasil.

Elaborar um catálogo de peixes encontrados na região do Baixo Tocantins e Baía do Marajó, com a finalidade de atualizar as informações sobre as espécies comercializadas em diversas localidades é o objetivo da pesquisa de Sandro Luiz Sousa Miranda. Por meio da lista, é possível averiguar que espécies estão sendo exploradas e quais tiveram redução ou, até mesmo, ausência nas redes dos pescadores artesanais.

Insetos – Nesta edição do Seminário de Iniciação Científica do Museu Goeldi, 14 trabalhos têm como objeto a maior biomassa do mundo animal –  os insetos, especialmente os da Amazônia, abordando diferentes espécies e aspectos metodológicos. Os trabalhos dos bolsistas Erivelton Ferreira Damião e Fábio Silva do Rosário ajudaram a atualizar listas e potencializar as informações sobre as vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae) encontradas no Parque Estadual do Utinga, em Belém (PA).   Eles fizeram coletas na Trilha do Macaco e no Lago Água Preta.

Entre 2012 e 2016, Ingrid Carvalho Duarte fez oito campanhas de coletas de vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae, Polistinae) ao longo do rio Xingu, nas proximidades de onde foi construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O estudo dela identifica a riqueza, abundância e composição desses animais também conhecidos como cabas.

Jeferson Fonseca Pereira realizou o primeiro estudo das características biológicas da vespa Mischocyttarus injucundus, com o acompanhamento de 28 ninhos localizados no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi.

Também o Campus de Pesquisa do Museu Goeldi foi o local de coleta de Talissa Lobato dos Passos, que realizou um inventário das moscas Schizophora (Diptera) na base científica da instituição. A coleta reuniu 320 exemplares que pertencem a 19 famílias.

O interesse de Edielci Pimentel de Oliveira são as abelhas Euglossini, abundantes na região amazônica. A bolsista investigou a composição faunística das abelhas, comparando sua diversidade em três ambientes de Belém: Campus de Pesquisa do MPEG, Universidade Federal Rural da Amazônia e Parque Estadual do Utinga.

Dois trabalhos que integram um amplo projeto de estudo entomológico na região do Baixo Tocantins, realizado pelo MPEG com apoio da FAPESPA, estudaram insetos encontrados nas áreas de campina de Cametá, no Pará. Débora Taylor Cardoso da Silva fez um levantamento das espécies da subordem Blattaria, as conhecidas baratas. Por sua vez, Fhelipe da Silva Costa levantou as moscas da família Asilidae.

As borboletas são usadas com bioindicadores em diversos programas de monitoramento ambiental. A pesquisa de Ariam Derryck Rocha da Silva fez a avaliação do método conhecido como caminhada de Pollard, que não utiliza iscas ou armadilhas para a identificação das espécies. A ordem Lepidóptera (onde se encontram as mariposas e borboletas) possui mais de 26 mil espécies identificadas no Brasil. A bolsista Natália Chagas de Souza se dedicou a espécie conhecida Astrotischeria e descreveu a larva e a pupa.

Já Jéssica dos Santos Cabral estudou espécimes de besouros da tribo Fulcidacini depositados na coleção entomológica do Museu Goeldi. Karoline Kauane dos Santos descreveu duas novas espécies de besouros, que também já estavam depositadas na coleção do MPEG.  Um estudo taxonômico do gênero de formigas Dorymyrmex é a contribuição de Danielle Grey Machado Pantoja. Por último, Maria Letícia Galvão Lopes investigou a composição faunística dos insetos de serapilheira do Campus de Pesquisa do MPEG.

Crustáceos – Estimar a abundância e distribuição espaço-temporal de caranguejos e siris (Brachyura) capturados pela pesca industrial do camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) na Plataforma Continental do Amazonas é o objetivo da pesquisa de Lorrany Furtado Brito. Os crustáceos da infra-ordem Brachyura estão entre os principais invertebrados capturados como fauna acompanhante na pesca industrial de camarão.

Aranhas – A descrição de três espécies novas e sexos complementares de duas espécies de aranhas Chthonos (Araneae: Theridiosomatidae) foi desenvolvida no trabalho de Paulo Roberto Pantoja Gomes. O gênero Chthonos é formado por aranhas diminutas, facilmente reconhecidas por possuírem fileiras de fortes espinhos nas pernas anteriores, esterno protuberante e tubérculos abdominais medianos e/ou laterais.

Painel – A programação de quinta-feira (28) fecha com um novo estudo sobre a classificação da ave conhecida popularmente como barbudo-de-pescoço-ferrugem. A pesquisa de Matheus Marques Bitencourt Santos se baseou nos tamanhos e nas penas de exemplares da ave, que conta com duas subespécies reconhecidas atualmente. O trabalho em forma de painel mostra a importância de se identificar e catalogar a diversidade oculta da avifauna amazônica, a fim de corrigir a subestimativa de sua biodiversidade.

PIBIC e PIBIT – O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) desperta vocações científicas e desenvolve o pensar e a criatividade do jovem universitário para a pesquisa na Amazônia, além de contribuir de forma decisiva para otimizar o ingresso dos alunos na pós-graduação. Já o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) é um estímulo a jovens do ensino superior nas atividades, metodologias, conhecimentos e práticas próprias ao desenvolvimento tecnológico e processos de inovação.

Para mais detalhes, confira a programação e o livro de resumos.

Texto: Hojo Rodrigues e Phillippe Sendas

Agência Museu Goeldi 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *