Deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Pará que investiga a contaminação ambiental causada pelo polo industrial de Barcarena ouviram nesta segunda-feira (9) lideranças de comunidades atingidas pela poluição de rios da região.
A primeira liderança comunitária a prestar depoimento foi José Roberto Cravo, representante da Comunidade Quilombola Sítio Conceição. Em seguida, os deputados ouviram Maria de Fátima Dias dos Anjos, representante da Comunidade do Curuperé. Outras duas testemunhas que haviam sido convidadas não compareceram.
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Nos depoimentos, as lideranças relataram que, nos últimos anos, as atividades do polo industrial de Barcarena geraram mudanças na coloração dos rios, mortandade de peixes e da vegetação, além do aumento de doenças nos moradores da região. Entre elas, câncer, doenças de pele, cegueira e até problemas de saúde mental. Uma criança e um adolescente teriam morrido em consequência do vazamento de produtos tóxicos.
O relator da CPI que investiga a contaminação causada pelo polo industrial de Barcarena, Celso Sabino, considera as denúncias graves e afirma que a comissão quer ações mais diretas da prefeitura da cidade, especialmente na área próxima à empresa Hydro Alunorte. Sabino e outros parlamentares estiveram na região há uma semana.
“Temos aqui uma recomendação que será encaminhada à prefeitura de Barcarena para que seja suspensa, embargada, qualquer tipo de obra de movimentação de terra ali no entorno dessas bacias, porque hoje nós não sabemos se essa terra está contaminada ou não. O que nós testemunhamos é que ela está escorrendo para as nascentes dos rios em virtude da movimentação que a empresa está fazendo lá em cima”, disse o deputado.
A empresa Hydro Alunorte afirma que ainda não tomou conhecimento da recomendação da CPI para a prefeitura de Barcarena. De acordo com a companhia, estudos realizados pela força-tarefa interna e por uma consultoria ambiental atestam que não houve transbordo das áreas dos depósitos de resíduos de bauxita.
Ainda segundo a Alunorte, não há indicação ou evidência de contaminação nas comunidades próximas da refinaria após as chuvas de fevereiro. Procurada, a Secretaria de Saúde de Barcarena disse que desconhece óbitos relacionados ao fato. Até o fechamento desta edição, não conseguimos contatos com a prefeitura de Barcarena.
Juliana Cézar Nunes – Repórter da Rádio Nacional