O felino é um macho de aproximadamente seis anos de idade, pesa 72 kg e está em excelentes condições físicas. Ele agora será monitorado pela equipe.
Pesquisadores do Instituto Mamirauá registraram recentemente a maior onça-pintada já estudada em toda a várzea amazônica. O felino é um macho de aproximadamente seis anos de idade, pesa 72 kg e está em excelentes condições físicas. O animal foi encontrado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas, e surpreendeu os especialistas.
“Essa é a maior onça que nós capturamos em quase dez anos de pesquisas com esses animais na Reserva Mamirauá. Ela tem cerca de 11 quilos a mais que o macho mais pesado que registramos até hoje”, conta o pesquisador Emiliano Esterci Ramalho.
Galego, como o felino foi batizado pelos cientistas, estava contido em uma das armadilhas de laço instaladas em trilhas da floresta. Depois de capturadas, as onças-pintadas são monitoradas por meio de colares de telemetria, que informam, via satélite, a posição dos animais.
Com 17 kg acima da média dos outros sete machos de onça-pintada atualmente monitorados pelo Grupo de Pesquisa (GP) de Felinos do Instituto Mamirauá, Galego também se diferencia em outro aspecto, que adiciona mais mistério a sua ocorrência nas florestas alagadas da Amazônia: em seu corpo foram identificadas cinco larvas de um tipo de mosca raramente visto na várzea.
“O acompanhamento do Galego será muito interessante para sabermos qual é o limite de tamanho de uma onça-pintada que é energeticamente viável para a várzea”, afirma.
Preservando a espécie
A veterinária do Instituto Mamirauá, Louise Maranhão, analisa a saúde de Galego. Depois de capturadas, as onças-pintadas são monitoradas por meio de colares de telemetria, que informam via satélite, a posição dos animais (Foto: Emiliano Ramalho)
As pesquisas com onças-pintadas desenvolvidas pelo Instituto Mamirauá têm por objetivo entender a ecologia da onça-pintada nas Florestas de Várzea da Amazônia. Com os resultados, subsidiar ações efetivas de conservação da espécie e melhorar a qualidade de vida das pessoas que convivem com este grande felino. Em quase uma década de atuação, as pesquisas já descobriram que as florestas de várzea da Amazônia têm altas densidades de onças-pintadas com mais de 10 onças a cada 100 Km².
Outra descoberta é a de que as onças-pintadas que vivem nas florestas de várzea da Reserva Mamirauá exibem um comportamento único entre os grandes felinos. Durante a inundação, vivem durante cerca de quatro meses do ano em cima de árvores, onde criam os seus filhotes e se alimentam, nadando de uma árvore para a outra para procurar presas. A pesquisa é desenvolvida pelo Instituto Mamirauá, com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Fundação Gordon and Betty Moore.
Turismo científico
Com a comprovação científica de que as onças de Mamirauá permanecem na copa das árvores, a Pousada Flutuante Uacari, em parceria com a equipe do GP Felinos do Instituto Mamirauá, iniciou em 2014 a operacionalização de expedições científicas para turistas avistarem esses animais. As expedições são parte de uma estratégia de conservação que tem o objetivo de aumentar o valor da onça-pintada para as comunidades ribeirinhas. O recurso das expedições é utilizado para gerar benefícios econômicos para as comunidades locais e para apoiar a continuidade do projeto de pesquisa com onças-pintadas visando reduzir o conflito entre onças e comunidades locais. A Pousada Uacari é um projeto de turismo de base comunitária, cuja gestão é compartilhada entre o Instituto Mamirauá e comunidades da Reserva Mamirauá.
João Cunha e Eunice Venturi – Instituto Mamirauá