Estudo mostra que áreas inundadas da Amazônia são vulneráveis a incêndios

Um estudo internacional liderado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revela que as áreas de várzea presentes na Amazônia são o “calcanhar de Aquiles” que podem fazer a floresta entrar em colapso. Isso porque essas regiões inundadas da mata são, ao contrário do que se pensava antes, as mais vulneráveis a incêndios. Os resultados do estudo foram publicados nesta segunda-feira, dia 10, na revista científica “PNAS”. 

A várzea é uma área da floresta formada por planícies inundáveis, invadidas por enchentes sazonais na Bacia Amazônica. Por muito tempo, os pesquisadores acreditaram que as partes periféricas da Amazônia fossem as mais propensas ao colapso por causa de incêndios. No entanto, a pesquisa liderada pela UFRN mostra que, enquanto essas áreas conseguem suportar um índice de chuva tão baixo quanto 1.000 mm ao ano — considerado pouco para a região de floresta —, a várzea já sucumbe ao cerrado formado após incêndios quando o índice de chuva é de 1.500 no ano. Isso foi constatado a partir da análise da distribuição das árvores na Bacia Amazônica.

— Nossas descobertas sugerem que, se o clima amazônico se tornar mais seco, a floresta provavelmente sucumbirá primeiro nas áreas sazonalmente inundadas — diz o principal autor da pesquisa, Bernardo M. Flores, da UFRN.

A equipe do estudo fez a descoberta combinando dados de satélite e de campo, referente a toda a bacia, com informações sobre mais de 250 incêndios florestais, para comparar como a resiliência florestal varia entre áreas inundáveis e não inundáveis, e em relação às variáveis climáticas.

Os autores mediram as taxas de recuperação florestal após os megaincêndios de 1997 e 2005, como uma indicação de resiliência. Eles descobriram que o impacto do fogo na estrutura da floresta e na fertilidade do solo era maior e mais persistente nas planícies inundadas.

— A menor capacidade de recuperação das planícies de inundação sugere que essas áreas podem ser colapsadas por incêndios recorrentes mais facilmente do que as planícies não inundáveis — ressalta Milena Holmgren, da Universidade Wageningen, coautora do estudo.

Os autores pretendem continuar estudando os mecanismos que podem levar à expansão do cerrado nos ecossistemas amazônicos.

— Uma questão importante neste momento é se essas florestas queimadas vão se transformar em cerrado, mas isso dependerá das espécies de plantas que colonizam os locais perturbados pelo fogo — explica Flores.

Os resultados do estudo têm implicações nãoo apenas para a conservação da floresta e as sociedades locais. A perda de florestas de várzea resultaria em emissões maciças de carbono das árvores, solo e turfeiras recentemente descobertas na Amazônia central e ocidental.

O estudo abre caminho para novas ações de gestão que, se incorporadas pelos países da Amazônia em suas políticas ambientais, ajudariam a preservar a Floresta Amazônica no futuro.

— Se as sociedades da Amazônia quiserem aumentar a resiliência da floresta, poderão considerar o desenvolvimento de planos de manejo de incêndios com especial atenção a essas áreas sazonalmente inundadas — recomenda Flores.

Fonte: O Globo

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