As 150 inscrições disponíveis no site foram encerradas em três dias para o público de jornalistas, estudantes e pessoas interessadas nos temas do meio ambiente e populações da Amazônia.
A agência de jornalismo independente Amazônia Real realiza o debate “Mudança climática e seu impacto nas populações tradicionais da Amazônia. O que esperar?” nos dias 21 e 22 de março na Galeria do Instituto Cultural Brasil – Estados Unidos (ICBEU), que fica na Av. Joaquim Nabuco, 1.286, no centro da cidade de Manaus (AM). É o segundo evento da iniciativa que busca por meio de debates provocar o público a discutir as questão da região amazônica e sua população que estão invisíveis na grande imprensa.
As inscrições para 150 vagas ao debate foram abertas no dia 10 de março na página da agência no Facebook e encerradas em três dias. O público é formado por estudantes e profissionais de várias áreas, entre elas, Comunicação Social, Antropologia, Biologia, Engenharia e de organizações ligadas as questões indígenas e ambientais. A programação está neste link.
Os palestrantes convidados são as lideranças indígenas João Paulo Barreto, antropólogo da etnia Tukano, de São Gabriel da Cachoeira (AM), o líder Davi e o professor Dário Kopenawa Yanomami, da Terra Indígena Yanomami (AM/RR), a jornalista Mayra Celina Pereira e a tecnóloga em gestão ambiental Sineia Bezerra do Vale, ambas da etnia Wapichana, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR).
Participarão também do debate os ribeirinhos Maria José e Doramir da Cunha, da Comunidade do Jatuarana, no rio Amazonas, e os cientistas Foster Brown, da Universidade Federal do Acre (UFAC), Philip Fearnside, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM), e Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), em Brasília (DF).
É nos cenários de secas, queimadas e enchentes atípicas que as populações tradicionais da Amazônia ficam em situação de alta vulnerabilidade social e econômica, assim como perde-se gradativamente a riqueza natural representada pela maior biodiversidade do planeta, existente em nossas florestas e rios, que cada vez mais sofre com a degradação ambiental.
“Consideramos essa iniciativa de juntar no mesmo espaço cientistas, indígenas e ribeirinhos muito importante para o jornalismo na Amazônia, em especial neste momento em que o desmatamento da floresta cresce e o tema da mudança climática vai perdendo visibilidade na imprensa diante do compromisso dos governos com o agronegócio no Brasil”, disse a jornalista Kátia Brasil, uma das cofundadoras da Amazônia Real.
O debate é uma oportunidade para jornalistas que cobrem ou não a pauta sobre o meio ambiente fazerem contato com novas fontes. É também uma chance para os estudantes de diversas áreas, não só do jornalismo, se aprofundarem nas questões da região amazônica, diz Kátia Brasil.
A Organização das Nações Unidas (ONU) vem fazendo alertas sobre os impactos no clima mundial pela atividade humana no meio ambiente. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as alterações no regime de chuva, nos ventos e na temperatura podem ter causas naturais, mas há 90% de certeza que elas são consequência da atividade humana.
Na Amazônia, o desmatamento é responsável pela maior contribuição do Brasil às emissões de Gases de Efeito Estufa (GGE). “O aumento da temperatura média global da superfície da Terra, chamado de aquecimento global, está relacionado com a emissão de Gases de Efeito Estufa, diz o IPCC.
Segundo a ONU, a população mundial tem desconsiderado os impactos da mudança no clima, o que levará muitas espécies da fauna e da flora à extinção, e a frequência de ocorrências de secas, ondas de calor e inundações, afetando a segurança alimentar e as fontes de água para milhões de pessoas, principalmente as mais pobres e as em situação de vulnerabilidade social, como as populações tradicionais da Amazônia.
Um dos palestrantes do debate “Mudança climática e seu impacto nas populações tradicionais da Amazônia. O que esperar?”, o indígena João Paulo Barreto, da etnia Tukano, diz que a mudança climática é sentida nas aldeias de São Gabriel da Cachoeira, banhadas por afluentes do Alto Rio Negro, na fronteira do Amazonas com a Colômbia. Mas nas aldeias, os alertas não partem dos cientistas e sim dos especialistas Yai, Kumu e Baya, que sãos os pajés Tukano.
“Os recursos naturais ficam cada vez mais escassos, ocorrem grandes temporais, cheias exageradas, verão sem medida, acidentes de trabalhos. Isso tudo, são causadas pela má relação cosmológica e cosmopolítica do ponto de vista dos especialistas indígenas”, disse Barreto, que é doutorando em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e faz parte do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena(NEAI).
A visibilidade da Amazônia
A ideia da agência Amazônia Real de realizar discussões sobre o meio ambiente e os povos indígenas fora do âmbito da redação começou em 2015 quando aconteceu o primeiro debate da iniciativa: “O Desmatamento da Floresta Amazônica e a Crise Hídrica no Brasil”. O evento, na Galeria do Icbeu (Instituto Cultural Brasil – Estados Unidos), reuniu um público de mais de 100 pessoas. Durante seis horas especialistas falaram sobre a influência dos desmatamentos na região amazônica na escassez de chuvas em outras regiões do país.
“O resultado positivo do debate indicou que poderíamos seguir realizando esses eventos de aproximação entre especialistas e a sociedade que deseja conhecer mais sobre sua realidade”, diz Elaíze Farias, também cofundadora da Amazônia Real.
O debate “Mudança climática e seu impacto nas populações tradicionais da Amazônia. O que esperar?”, da Amazônia Real, é patrocinado pela Missão Diplomática dos EUA no Brasil. Todos os anos a Embaixada em Brasília realiza uma seleção de projetos de organizações da sociedade civil e de ex-intercambistas (Alumni) brasileiros para financiar ações de educação, meio ambiente, liberdade de expressão e o empreendedorismo inovador, entre outros temas, reforçando assim a cooperação entre os dois países.
A jornalista e cofundadora da Amazônia Real, Kátia Brasil, é ex-intercambista do Programa de Visitantes Internacionais (IVLP) da Embaixada dos EUA no Brasil. Em 2015, ela participou da seleção de projetos enviados à Missão a proposta do debate sobre Mudança Climática. Em 2016, o projeto da Amazônia Real foi um dos premiados com uma bolsa de R$ 36 mil.
Segundo a representante da Missão Diplomática dos EUA no Brasil, em Brasília, a Adida Cultural Adelle Gillen, a comunidade de ex-intercambistas tem um papel muito importante em promover a discussão e o diálogo aberto entre os Estados Unidos e o Brasil.
“A Embaixada dos EUA tem muito orgulho em apoiar as atividades e projetos de nossos ex- intercambistas como Kátia Brasil, uma das fundadoras e editoras da Amazônia Real. Esses projetos oferecem oportunidades para discutir questões importantes para os Estados Unidos e o Brasil e que refletem o contexto global mais amplo e a rica diversidade de nossos povos e culturas”, disse a diplomata.
“Amazônia | Os Extremos”
Como parte do debate “Mudança climática e seu impacto nas populações tradicionais da Amazônia. O que esperar?”, no dia 22 de março às 17 horas, a agência Amazônia Real faz a abertura da exposição de fotografia itinerante “Amazônia| Os Extremos”, na Galeria do Icbeu.
A mostra vai traçar um panorama dos eventos climáticos que aconteceram nos últimos quatro anos como as secas e enchentes extremas na Amazônia. Com uma linguagem e narrativa estética que respeita o estilo de cada um dos 11 profissionais envolvidos, a mostra pretende levar ao público a reflexão sobre os efeitos de ações devastadoras dos desmatamentos e queimadas na floresta amazônica.
Com coordenação do editor de fotografia da agência Amazônia Real, Alberto César Araújo, a exposição de fotografia apresentará um roteiro com os temas: Desmatamento, Queimadas, Seca, Enchente e Populações Impactadas.
A mostra contará com 40 fotografias (Tamanho A2 | Padrão fine art), imagens produzidas pelos profissionais: Odair Leal (Acre), Alberto César Araújo, Chico Batata, Joel Rosa e Raphael Alves (Amazonas), Jorge Macêdo (Roraima), Marcela Bonfim (Rondônia), Paulo Santos (Pará) e Ana Mendes (Maranhão). A exposição contará ainda com vídeos do cinegrafista Orlando Jr. (Amazonas) e do fotógrafo Flávio Forner da organização InfoAmazônia (São Paulo).
Durante a abertura da exposição na Galeria do Icbeu Manaus haverá a apresentação da cantora indígena Djuena Tikuna e do músico Diego Janatã, a partir das 18 horas, finalizando a programação do evento.
O que é: Debate “Mudança climática e seu impacto nas populações tradicionais da Amazônia. O que esperar?”
Quando: 21/03 das 9h às 12h e das 14h30 às 17h
22/03 das 9h às 12h.
Público: 150 vagas
Entrada: franca
Local: Galeria do Icbeu Manaus
Rua Joaquim Nabuco, 1.026, centro.
Inscrições encerradas.
Faremos transmissão no Facebook:
Patrocínio: Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil.
Apoio: Fundação Ford – Icbeu-Manaus – GOinn – WCS Brasil – Centro Popular do Audiovisual
Programação do Debate: http://amazoniareal.com.br/programacao-do-debate/
VER CONTEÚDO COMPLETO EM: http://amazoniareal.com.br/amazonia-real-reune-indigenas-ribeirinhos-e-cientistas-em-debate-sobre-mudanca-climatica-no-icbeu-Manaus/