Pesquisadores apresentam em oficina os resultados da Expedição Serra da Mocidade

Os primeiros resultados da Expedição Serra Mocidade, em Roraima, serão apresentados na próxima semana (27 e 28), em Manaus. A jornada científica de 25 dias num maciço de montanhas de quase dois mil metros de altitude, num dos lugares mais isolados da Amazônia brasileira, rendeu até agora a descoberta de pelo menos 40 novas espécies de plantas e animais, além da produção de um documentário. A previsão é a de que o Expedição Novas Espécies seja exibido nos cinemas e na TV ainda este ano.

A oficina com os principais resultados da Expedição Serra da Mocidade acontecerá durante todo o dia de terça e a manhã de quarta-feira, no Auditório da Ecologia, Campus III (V8), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). A abertura será às 8h30, e contará com a presença do diretor do Inpa, Luiz Renato de França, o gerente do programa Pró-Amazônia do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general Franklimberg, e representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Parque Nacional Serra da Mocidade. A Grifa Filmes, produtora do filme, fará participação com o envio de trailers do documentário.

 

Cerca de 70 profissionais, entre equipe científica e de filmagem, ficaram quase um mês, entre janeiro e fevereiro deste ano, na Serra da Mocidade. A partir daí, os especialistas iniciaram a análise do material coletado. São plantas e fungos; invertebrados (terrestres e aquáticos); mamíferos (pequenos e médios, incluindo morcegos); peixes; répteis e anfíbios; aves e material geológico. Cada um desses sete grupos terá 15 minutos para apresentar de forma sucinta os resultados, na terça-feira de manhã.

De acordo com o pesquisador do Inpa e responsável pela Expedição, o ornitólogo Mario Cohn-Haft, apesar de a equipe ter passado muito tempo junto no campo, cada um estava concentrado no próprio trabalho, que muitas vezes acontecia em horários e com métodos de atuação diferentes. “Agora é hora de compartilhar entre si os resultados e, pela primeira vez, ter a oportunidade de ver se surgem alguns padrões em comum de distribuição, abundância, diversidade (se teve resultados parecidos entre os grupos). Esse é o objetivo interno, mas o principal é divulgar para a sociedade o que tinha de interessante naquela serra”, conta Cohn-Haft.

 

Segundo o pesquisador, o mais fascinante foi testar o que já se imaginava de antemão: o potencial de ter espécies novas de plantas e animais, justamente pelo grau de isolamento e pelo relevo, de ser uma serra alta cercada de terras baixas. E isso se confirmou com alguns grupos e com outros não. Por exemplo, não se encontrou nenhum morcego novo. Com os pássaros, há uma espécie nova quase confirmada e uma outra que os cientistas estão chamando de uma população isolada que representa efetivamente uma espécie em estágio de formação.

“A grande felicidade da expedição foi achar espécies típicas de serra, que são totalmente diferentes daquilo que se encontra na baixada amazônica”, contou Cohn-Haft, destacando que foram montados acampamentos a 600 metros e 1.000 m de altitude (chegando até a 1.400 m). A subida só foi possível utilizando helicóptero do Exército. “A comparação entre esses dois pontos é superinteressante do ponto de vista de entender o efeito de altitude na biota”, completa.

 

Nos outros dois períodos da oficina serão realizadas atividades mais internas. Na terça-feira, a partir das 14h30, haverá um grupo de trabalho com o ICMBio, voltado para a discussão do Plano de Manejo do Parque Nacional Serra da Mocidade, pensando no zoneamento, potencial da unidade de conservação para visitação pública e vulnerabilidade da unidade.

Na quarta-feira, a partir das 9h, a intenção é discutir os próximos passos e possíveis produtos, como livros científicos com resultados resumidos de cada grupo e livro no estilo cofee table (conhecido como livro de mesa notável pela sua beleza), que tem lindas fotos e texto curto em linguagem acessível. Os envolvidos também estão pensando em aproveitar o material audiovisual da expedição para produzir outros filmes além do documentário, como uma série sobre os animais e plantas da Serra da Mocidade; criar um grupo de pesquisa sobre Serras Amazônicas e realizar outras expedições utilizando a articulação feita para a Serra da Mocidade.

 

Na oficina também serão discutidos o plano de manejo do Parque Nacional Serra da Mocidade e os próximos passos e produtos da expedição. Veja aqui a programação

Por Cimone Barros – Ascom Inpa 

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