Alta concentração de CO2 na atmosfera pode reduzir impactos do clima na Amazônia

No meio da floresta amazônica, um grupo de cientistas está empenhado em responder uma questão considerada decisiva para entender os impactos das mudanças climáticas sobre a Amazônia. Qual é o efeito do aumento do gás carbônico (CO2) da atmosfera sobre o funcionamento da floresta? “Não é uma questão trivial”, já adianta o pesquisador David Lapola, coordenador do projeto Amazon Face, que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) criou em 2014 para investigar em que medida o CO2 ajuda a floresta a resistir ao aquecimento global. 

Ele explica que o dióxido de carbônico absorvido da atmosfera é o “alimento básico” para que as plantas façam a fotossíntese. Se a oferta desse alimento aumenta, as plantas produzem mais biomassa, o que compensaria o aumento da temperatura e as alterações no regime de chuvas, provocados pelas mudanças climáticas.

“Queremos saber se o CO2 é o fiel da balança. Mas, se essa compensação não existir, teremos o pior cenário, que é aquilo que chamamos de ‘savanização’ da Amazônia. Isso significa que grande parte da floresta dará lugar à vegetação seca e de menor porte, como é a do Cerrado”, afirma o pesquisador, que é doutor em Modelagem do Sistema Terrestre pelo Max-Planck-Institut/Universität Kassel, da Alemanha, e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Para entender a “fertilização” das plantas, causada pela maior oferta de CO2, simulações serão feitas num “pedaço de floresta” localizado em uma estação experimental mantida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) a 60 quilômetros de Manaus (AM). Ali, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera será aumentada em 50% por meio de torres que farão a aspersão do gás.

Fases

Dividido em três fases, o Amazon Face recebeu R$ 1 milhão do MCTIC para a coleta de dados e medidas antes de qualquer aspersão de gás carbônico na floresta. O objetivo é comparar essas informações com a situação das plantas após a oferta extra de CO2. Em 2017, começa a segunda fase do projeto, com a construção das torres – um investimento de aproximadamente R$ 6 milhões. A última fase do projeto prevê a ampliação das torres para simulações por um período de 10 anos.

Apoio internacional

Para a fase de coleta de dados, o Amazon Face recebeu o reforço de um grupo de pesquisadores da Inglaterra que trouxe para o Brasil um equipamento de última geração capaz de fazer o mapeamento da floresta em altíssima resolução. “Apenas seis grupos de pesquisa em todo o mundo possuem esse equipamento. Ele funciona como uma espécie de scanner, gerando imagens em 3D sobre a estrutura da floresta como nunca se viu”, diz Lapola.

Os cientistas ingleses já estão na estação experimental próxima a Manaus produzindo as imagens que serão usadas para comparar a reação das plantas à atmosfera com elevada concentração de CO2.

Além disso, o Amazon Face prepara a segunda edição do curso de campo com 18 alunos de graduação e pós-graduação sobre os efeitos do aumento do gás carbônico na floresta no âmbito do acordo de cooperação firmado entre o MCTIC e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Fonte: MCTIC

 

 

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