Amazonas terá material didático a partir de narrativas ticunas

Reduzir as distâncias entre o conhecimento tradicional e o que é ensinado em sala de aula, por meio do conhecimento científico, é um dos principais desafios dos profissionais de Educação para garantir o sucesso no processo de ensino-aprendizagem.   

Em escolas indígenas, onde o conhecimento tradicional muitas vezes conflita com o conhecimento científico, as dificuldades são ainda maiores. Para mudar esta realidade, a doutoranda em Educação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Iatiçara Oliveira da Silva, está construindo um material didático que relacionará o conhecimento etnobiológico ao científico.

O material está sendo produzido com base em narrativas ticunas e a proposta é que ele seja aplicado aos alunos no município de Tabatinga (1.108 quilômetros de Manaus).

“Queremos desenvolver uma concepção teórico-metodológica de Ensino tendo como subsídio as narrativas ticunas, construindo um veículo didático que aumente o interesse dos alunos pela Ciência através da investigação da cultura local. Entendo que o material didático etnobiológico a ser construído será um instrumento mediador entre o aluno e o conhecimento para que ele possa aprender o sentido e o significado do conteúdo de Ensino”, disse Iatiçara.

O estudo é intitulado ‘Construção de Material Didático Etnobiológico para o Ensino de Ciências no Estado do Amazonas’ e recebe aporte financeiro do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH-Doutorado). A previsão é que as pesquisas finalizem em junho de 2016.

 

Impactos

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai) os ticunas habitam a região do Alto Solimões, no Amazonas, fazendo fronteira com o Peru e a Colômbia. Atualmente, segundo dados da Funai e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os ticunas são os mais numerosos entre os povos indígenas no Brasil.

Conhecidos por ter uma língua complexa, mas falada pela totalidade do povo, mitos e uma cultura material com destaque para máscaras e pinturas clânicas, os ticunas são conhecidos pela imponente manifestação de sua cultura.

A pesquisadora, que é natural do município de Benjamin Constant (distante a 1.121 quilômetros de Manaus), disse que ao longo do estudo identificará, dentro da narrativa ticuna, os conhecimentos que podem servir como ‘ponte’ para o conteúdo curricular do Ensino de Ciências. Os dados serão transcritos e darão origem ao material didático etnobiológico com a inserção da ciência tradicional em sala de aula.

Iatiçara informou ainda que adequará o material didático as novas diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental, visando melhorias no Ensino das Ciências da Natureza e suas tecnologias.

“Os principais impactos que se esperam com a realização do projeto são o estabelecimento de uma proposta curricular que permita o uso integrado do conhecimento científico curricular com o etnobiológico atendendo os requisitos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a consolidação de uma equipe de professores com o objetivo de se produzir, de maneira contínua e articulada, recursos didáticos e pesquisas em Ensino, principalmente ligados ao Ensino Fundamental e Médio, dentro de uma perspectiva multicultural”, disse a doutoranda.

 

Sobre o RH Doutorado

Por meio do Programa, o governo do Estado via FAPEAM concede bolsas de doutorado a profissionais interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu em programa de pós-graduação recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em outros Estados ou no Amazonas, desde que o programa não tenha sido atendido pelo Programa de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad).

 

(Camila Carvalho/Agência FAPEAM)

http://www.fapeam.am.gov.br/amazonas-tera-material-didatico-a-partir-de-narrativas-ticunas/

http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/15-amazonas-tera-material-didatico-partir-de-narrativas-ticunas/

 

 

 

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