O Ministério Público está investigando o alto índice de mortalidade infantil na reserva indígena Yanomami, em Roraima. Mais de 120 crianças morreram no ano passado.
O bebê yanomami teve febre, mas não havia como fazer o diagnóstico. Na reserva não há médicos ou enfermeiros. A índia Rita Xirixana trabalha no local como agente de saúde sem nunca ter feito curso de enfermagem. “Tem muita doença, diarreia, pneumonia. Como faz com as crianças?”, questiona.
No posto de saúde da aldeia, construído pelos próprios índios, não tem energia elétrica nem água encanada. A enfermaria, onde os pacientes são atendidos, divide espaço com a farmácia, mas os remédios ocupam apenas duas prateleiras.
A falta de estrutura preocupa a comunidade. “Dois também morreram de pneumonia porque não tem remédio. Não apareceu técnica de enfermagem”, diz Abel Xirixana, líder da aldeia Pew-Au.
Em outra aldeia, o posto de madeira foi construído com recursos do Ministério da Saúde. Mas os índios enfrentam os mesmos problemas. No estoque faltam medicamentos básicos como xarope e até oxigênio para casos que precisam de nebulização.
No ano passado, 124 crianças yanomami morreram. Segundo o levantamento do Conselho Indigenista Missionário, com base em dados do Ministério da Saúde, esse foi o maior índice de mortalidade infantil entre os povos indígenas do Brasil. A Secretaria Especial de Saúde Indígena diz que investiu R$ 74 milhões no atendimento do povo yanomami, mas diante do número de mortes, o Ministério Público Federal quer saber o que está acontecendo nas aldeias.
“Foi instaurado uma investigação para identificar as razões dessa alta taxa de mortalidade infantil. A partir dessa investigação, poderemos obter realmente a resposta se há uma malversação de recursos, se há uma falta de recurso para essa área de saúde indígena ou seria necessária uma transparência maior do que existe hoje”, diz Gustavo Alcântara, procurador da República.
O Ministério da Saúde informou que tem intensificado a vigilância e a investigação de mortes em todas as áreas indígenas e que tem ampliado o acesso dessas populações à assistência médica.
FONTE : GLOBO RURAL / G1
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