Crime Ambiental – Polícia Federal prende oito pessoas em Roraima e no Amazonas

Agentes da Policia Federal de Roraima e do Amazonas prenderam oito pessoas por crime ambiental, sendo seis no Município de Caracaraí, centro Sul de Roraima, uma em Boa Vista e mais duas em Manaus, no Amazonas, durante a operação Podocnemis deflagrada na manhã desta sexta-feira, dia 08, nos dois estados. As pessoas investigadas teriam relação com o tráfico de animais silvestres da Amazônia, como a tartaruga-da-Amazônia e entre os investigados estão servidores públicos, empresários, donos de restaurantes, atravessadores e pescadores.      

Sem citar nomes, o delegado da Polícia Federal, Alan Robson afirmou que as prisões em Caracaraí e Boa Vista foram de pessoas que trabalhavam como atravessadores na venda de tartarugas para donos de restaurantes em Manaus e em Boa Vista.

Ao todo foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão, onze mandados de prisão e 22 mandados de condução coercitiva de investigados em Boa Vista, Caracaraí e em Manaus.

“A investigação apurou que os restaurantes lucram em média um milhão de reais por semana com a venda de tartarugas que, geralmente, saiam do baixo rio Branco, em Caracaraí e vendiam como mercadoria licita no mercado com se fosse liberada pelo Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis]”, frisou o delegado.

A operação investigou pescadores, transportadores, comerciantes e empresários, bem como servidores públicos por colaborarem com a prática criminosa. “Ficou evidente a participação de servidores públicos, mas não vamos informar de quais órgãos para não atrapalhar o restante da operação, que ainda está em curso”, explicou.    

Ele informou que a policia vai analisar todo o material aprendido, fazer o interrogatório dos envolvidos presos e ao concluir a investigação, encaminhar o trabalho a Justiça da Comarca de Caracaraí e ao Ministério Público.   

Segundo o delegado, os envolvidos serão indiciados por crimes ambientais, receptação qualificada, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção e que, as penas podem chegar a mais de 20 anos de prisão.

Ele explicou que o trabalho começou em 2012 com fiscalização ostensivas no baixo rio Branco com as Operações Tabuleiro e Pimenta, que buscou apreender as tartarugas capturadas em seus criadouros.

“Com esse trabalho se chegou a uma rede de pessoas que capturavam, transportavam as tartarugas de forma clandestinas para restaurantes em Manaus, inclusive, com participação de servidores públicos que faziam com essa mercadoria chegassem como  se licita fosse”, ressaltou.

Alan Robson afirmou ainda que os restaurantes faziam propaganda como se fosse autorizados pelo Ibama para a venda do prato da tartaruga, mas que a investigação apontou que ao quelônios vinham de capturas ilícitas e vendidas a preços altos. Segundo o delegado, o atravessador comprava os quelônios por R$ 50,00 a R$ 150,00 e as revendiam por R$ 500,00 e R$ 600,00 cada.   

“Cada quelônio era negociado por até R$ 600 em Manaus e verificamos que em apenas uma semana dessa prática criminosa os envolvidos movimentavam mais de R$ 1 milhão, gerando faturamento milionário mensal, com destaque aos lucros ilícitos para restaurantes e comércios que fazem entrega dos animais em domicílio, preparados para consumo, abatidos para preparação ou mesmo vivos”, frisou.

O delgado informou que o resultado final da operação Podocnemis será divulgado neste sábado, dia 09.

NOME – O nome da operação Podocnemis remete ao gênero científico da tartaruga, ao qual pertencem as espécimes capturadas e comercializadas pelos investigados. Podocnemis expansa (Tartaruga-da-amazônia) e Podocnemis unifilis (Tracajá). Tais espécimes da fauna silvestre brasileira têm ampla procura e preço alto no mercado ilícito.

RIBAMAR ROCHA
Editoria de Cidade
ribamar@folhabv.com.br

FONTE –  FOLHA DE BOA VISTA  – http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=172837

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