Com previsão de cheia histórica, Madeira já desabriga em Rondônia

O nível do Rio Madeira atingiu 15,20 metros de profundidade em Porto Velho (RO) na manhã desta quinta-feira (23) e 15 famílias tiveram que ser removidas de suas casas pela Defesa Civil em dois bairros.  

O Madeira apresenta níveis nunca antes observados nos registros de sua série histórica desde o dia 6 de janeiro. A cota de alerta do rio é de 14 metros e o nível atual costuma ser observado no final de fevereiro.

De acordo com previsão do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o pico de cheia do Madeira, em Porto Velho, deve alcançar a cota de 58 metros até o final do mês. Historicamente, esse é o maior nível, em janeiro, registrado na capital rondoniense.

O Sipam alerta que a área inundada compreenderá principalmente os bairros São Sebastião, nas proximidades da Avenida Farquar, e o bairro Triângulo, ou Baixa União, que terá a área de várzea do Igarapé Santa Barbara invadida pelas águas do Rio Madeira.

A previsão Sipam é elaborada a partir do Modelo de Previsão do Nível do Rio Madeira, análise de informações de sensores satelitais e dados da “Rede hidrométrica para registro dos níveis, vazão, chuvas e qualidade das águas dos rios”.

– As cheias são consequência direta do escoamento das chuvas que também se apresentaram acima da média histórica na bacia do Rio Madre de Dios (Peru) e Mamoré (Bolívia) – esclarece a coordenadora de Operações do Centro Regional do Sipam de Porto Velho, Ana Strava.

Segundo as previsões climáticas produzidas pelo Sipam, nos três primeiros meses do ano haverá chuvas acima da média no Acre, norte de Rondônia e noroeste e norte de Mato Grosso, impactando diretamente a bacia do Rio Madeira e do Rio Acre.

Strava ainda ratifica que o modelo de previsão de chuvas do CPC (Climate Prediction Center), da Nasa, aponta que essas anomalias já vêm ocorrendo há seis meses e permanecerão acima da media de chuvas para a região dos rios bolivianos Beni e Mamoré até o fim de janeiro.

O Modelo de Previsão do Nível do Rio Madeira, desenvolvido em 2006 em parceria entre Sipam e Agência Nacional das Águas (ANA), indica a cota de inundação na cidade com 24 horas de antecedência e permite à Defesa Civil a localização precisa das residências que estão em risco de inundação eminente.

A Rede Hidrométrica, da ANA, é operada na Amazônia pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), responsável entre outras, pela manutenção e leitura da régua que mede o nível do rio Madeira, no Estado de Rondônia.

Evolução da cheia As cheias do Rio Madeira são esperadas pela população de Porto Velho no período de outubro a abril. O aumento dos níveis ocorre a partir da coleta da água da chuva pelos rios do sul do Peru e de quase toda a extensão da Bolívia. Suas águas barrentas (ricas em sedimentos) refletem o nascedouro nas cordilheiras dos Andes. Essas águas encontram as águas negras do Rio Guaporé, que nasce em Mato Grosso, na altura de Guajará-Mirim. No total, tem-se quase um milhão de km² de área de coleta da chuva.

Nesse período, considerado o inverno amazônico, as chuvas concentradas na região do Rio Madre de Dios (peruano) e Mamoré (boliviano) provocam picos de cheias no Distrito de Abunã e Porto Velho, bem acima da normalidade.

Por três ocasiões, o nível do rio ultrapassou a máxima histórica registrada nos últimos 50 anos nos respectivos períodos. A primeira ocasião foi em 8 de outubro de 2013, quando o pico do rio atingiu a cota de 11,47m, sendo que o máximo histórico dos últimos 50 anos era de 9,23m. Em dezembro de 2013, o nível do rio surpreendeu novamente ao ultrapassar em mais de 1,5m a cota máxima histórica do período.

Por: Altino Machado
Fonte: Terra Magazine

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