MMA incentiva ações de combate ao lixo jogado nos rios e oceanos

Bilhões de toneladas de resíduos sólidos chegam aos rios e oceanos todos os anos. Com a facilidade dos ventos e ondas, espalham-se rapidamente, chegando às zonas costeiras, onde o problema torna-se mais visível. Para conscientizar a população sobre a importância do tema e alertar quanto às ações que podem ser adotadas para reduzir os danos dos resíduos sólidos ao meio ambiente, nesta sexta-feira (20/09), é celebrado o Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias. No Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Gerência Costeira atua com ações e projetos de incentivo à sustentabilidade ambiental em rios e oceanos. 

Uma dessas iniciativas é o Projeto Orla, que vem fomentando a discussão do gerenciamento costeiro e promoção do uso sustentável de recursos naturais, o que inclui a limpeza a conservação de oceanos. Além de cursos de capacitação de técnicos e multiplicadores, a iniciativa busca promover o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as políticas ambiental, territorial e urbana com governo e sociedade. “Entre os objetivos do projeto estão o fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla”, aponta a coordenadora de Gerenciamento Costeiro do MMA, Leila Swerts. 

Em geral, os resíduos sólidos são problemas comuns a todos os municípios costeiros, pois quando não devidamente tratados são conduzidos para o mar, tornando-se lixo marinho. Leila detalha, ainda, que o Brasil possui aproximadamente 400 municípios costeiros e atualmente 80 deles já tem adesão em alguma fase do Projeto Orla. “A expectativa é que novos municípios sejam alcançados para implantação do projeto, o que garantirá um espaço costeiro mais limpo e sustentável”, disse. 

PROBLEMA DE TODOS 

Uma principais consequências dos modelos e padrões de produção e consumo adotados pela sociedade atual é a geração de resíduos. Conforme a coordenadora de Gerenciamento Costeiro, considerando que se vive hoje a “era dos plásticos”, material relativamente barato e de grande durabilidade, e que grande quantidade desse material acaba chegando, de uma forma ou de outra, em ambientes marinhos e costeiros, atualmente se enfrenta um grande problema que diz respeito a toda a sociedade. 

Leila Swerts explica que lixo marinho é qualquer tipo de resíduo sólido de origem antropogênica gerado em terra ou no mar que, intencionalmente ou não, tenha sido introduzido no ambiente marinho, incluindo o transporte destes materiais por meio de rios, sistema de drenagens e esgoto, ou vento. “E, ao contrário do que muitos pensam, a maior parte do lixo marinho tem origem no continente”, explixou. “Ao atingir os ecossistemas marinhos e costeiros, estes resíduos geram danos significativos aos seres vivos.” 

Dessa forma, torna-se comum a ingestão dos resíduos por aves, tartarugas marinhas, peixes e mamíferos. E danos diretos em ecossistemas naturais, como ocorre no caso nos recifes de corais. “Também vem sendo estudada a capacidade de adsorção de poluentes persistentes por plásticos, que acabam sendo ingeridos por animais ao logo da cadeia alimentar, podendo chegar até os seres humanos”, afirmou a coordenadora do MMA. 

MOBILIZAÇÃO MUNDIAL 

O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias ou Clean Up The World, é comemorado em diversos países no terceiro final de semana de setembro. Coordenado mundialmente desde 1986 pela organização não-governamental (ONG) americana The Ocean Conservancy, a data é celebrada voluntariamente por governo, associações, empresas e demais voluntários. 

Neste ano, no Brasil, várias cidades como Rio de Janeiro Cabo Frio/RJ, Aracaju, Recife, Porto Seguro/BA, Salvador, Florianópolis e São Luís aderiram à Campanha de Limpeza de Praias, coordenada pelo Instituto Ecológico Aqualunge seu Projeto Limpeza na Praia. Milhares de voluntários por todo o país participam de um grande mutirão de limpeza e de conscientização para não jogar lixo em lugares impróprios, agendado para ocorrer neste sábado (21/09). 

O objetivo é fazer algo concreto pelo meio ambiente com resultados imediatos e locais: limpar o lixo descartado irresponsavelmente e acumulado em todos os litorais do planeta. Simboliza, também, a união mundial e a dedicação em prol de um mundo mais limpo, consciente e saudável para a humanidade.  

A representante do MMA destacou que, iniciativas como esta, são fundamentais do ponto de vista de mobilização e disseminação da temática. “E quando consideradas numa perspectiva integrada, associadas à pressupostos da educação ambiental crítica e estruturas de gestão de resíduos, contribuem fortemente para a minimização do problema”, aponta Leila Swerts. Ela ressaltou, ainda, a importância deste tipo de campanha no que diz respeito à mobilização popular como contribuição para a agenda do Projeto Orla, principalmente dentro da perspectiva de participação cidadã, aproximando e sensibilizando a sociedade em temáticas relevantes para a promoção da qualidade ambiental do litoral brasileiro. 

CONFERÊNCIA 

A 4a Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que acontece de 24 a 27 de outubro, em Brasília, discutirá a gestão integrada dos resíduos sólidos, assim como a logística reversa e a responsabilidade compartilhada, que estão na base inovadora da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305/2010. A agenda de resíduos gerados em rios e oceanos fará partes das discussões desta 4a CNMA, quando serão definidas ações prioritárias e uma carta de implantação da gestão dos resíduos sólidos, além de difundir práticas exitosas que contribuam para desenhos de políticas públicas locais e regionais. 

Os resíduos encontrados em áreas marinhas e costeiras, em sua maioria, são materiais sintéticos, com destaque para os plásticos que apresentam alta resistência e durabilidade, podendo fragmentar-se e permanecer por longos períodos no ambiente, funcionando como meio de transporte e/ou fonte de contaminantes químicos. Também são constantemente encontrados no mar metais, vidros, resíduos de pesca e de embarcações, materiais de construção, isopor, borracha, corda, têxteis, madeira e materiais perigosos, tais como resíduos hospitalares e nucleares. 

Suas origens difusas e variadas, associadas ao fato de que, uma vez no mar, sua retirada e destinação adequadas tornam-se muito mais complicadas do que em terra, fazem do lixo marinho um problema amplo e complexo. Lidar com esta questão é um desafio que precisa considerar além Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que é essencial, a ampliação e divulgação do conhecimento técnico-científico sobre o assunto, o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e a elaboração e implementação de políticas públicas relacionadas, passando ainda por mudanças de padrões culturais da sociedade de consumo na qual estamos inseridos.

FONTE  : ASCOM/MMA

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