O povo paiter suruí, que na língua nativa significa “gente de verdade, nós mesmos”, está mobilizando internautas para tentar proteger seu território. Eles vivem na TI (terra indígena) Sete de Setembro, em Cacoal (476 km de Porto Velho), e há cinco anos vêm adotando a rede mundial e as redes sociais como estratégia de divulgação.
Em 2007, durante uma palestra nos Estados Unidos sobre os problemas que enfrentavam, o cacique da tribo, Almir Suruí, pediu a executivos do Google que ajudassem sua tribo a monitorar a floresta. Acabaram ganhando laptops, aparelhos de telefone celular e de GPS, que estão sendo empregados para fiscalizar e ajudar a combater a exploração dos recursos naturais em suas terras.
Mais de 30 índios foram treinados para monitorar o território usando os equipamentos doados pelo gigante de buscas na internet. Eles aprenderam a filmar e a postar vídeos no Youtube e descobriram o bom uso de ferramentas de geolocalização na internet para fiscalizar o território.
Na aldeia existe internet, mas a velocidade é baixa. São os próprios indígenas que pagam as despesas. Tanto o cacique como várias lideranças estão sempre conectados via smartphones, tablets e notebooks. Os vídeos produzidos pelo povo circulam pela rede e servem também para mostrar os problemas que enfrentam.
“Já enviamos dezenas de imagens de vídeos que fizemos para a Funai, com denúncias de desmatamento ilegal. Esse material nos ajuda no planejamento estratégico de nosso povo. Dessa forma fica melhor a construção de políticas públicas. O que queremos é fazer mudanças no atual modelo de desenvolvimento sustentável, nosso povo tem sido exemplo”, disse o cacique Almir.
Na sua página de relacionamento no Facebook, ele apela a internautas e a seus seguidores para assinarem uma petição on line. Quase 4.000 pessoas já assinaram, a meta é alcançar dez mil assinaturas e depois levar o documento até o governo federal como pedido de socorro.
Cacique online
“Em face da ameaça à sustentabilidade da vida do povo indígena Paiter Suruí, representada pelas constantes ameaças de morte que seus líderes vêm sofrendo e pela devastação e invasão da TI Sete de Setembro, causados pela falta de fiscalização e controle de suas fronteiras e pela impunidade perante os invasores, pedimos ao exmo. ministro da Justiça, à ilma. presidente da Funai e à diretoria geral da Polícia Federal as garantias abaixo explicitadas em nossa petição”, argumentam os indígenas pedindo ajuda para as assinaturas em seu site.
A tribo
O entorno da reserva indígena onde estão os suruís é cercado por grandes fazendas na divisa de Rondônia com o Mato Grosso. A terra dos suruís tem 247 mil hectares onde vivem 1.350 índios. Eles já possuem certificação internacional para vender crédito de carbono. O projeto prevê lucro de R$ 2 milhões por ano sem derrubar a floresta. Apesar dos impactos e pressões com os não índios, os suruís tentam manter as tradições.
O primeiro contato desses indígenas com o homem branco foi registrado na década de 60, e logo chegaram as doenças, alcoolismo que reduziram a população de quase 5 mil para 250 pessoas naquele periodo, mas hoje a população já aumentou bastante. A reserva indígena deles é alvo constante de madeireiros, e a internet tem sido o único grito de socorro para denunciar o avanço do desmatamento.
Tiago Suruí, coordenador da Funai em Cacoal, área de abrangência da reserva indígena, confirma que o clima é tenso na região. “As ameaças permanecem, nós não temos autorização para falar muito sobre o assunto, mas a retirada ilegal de madeira continua, e a tensão não mudou.
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