Doenças já preocupam autoridades de municípios atingidos pela cheia do rio Juruá no Amazonas

Casos de dengue. malária e hepatite começam a preocupar autoridades locais; subida do nível do rio continua.

A cheia do rio Juruá já castiga centenas de famílias do Município de Eirunepé (a 1.160 quilômetros de Manaus), em um universo de mais de 30 mil habitantes. Casos de dengue, malária e hepatite começam a se tornar cada vez mais frequentes na população por conta das condições da água que invadiu as casas e não para de subir. A cheia inesperada do rio também obrigou o município a suspender as aulas nas escolas, que também estão alagadas. Apesar da situação crítica na cidade, o quadro mais preocupante ocorre na zona rural, onde a população foi mais atingida.

Até o último fim de semana, 286 casas tiveram os assoalhos levantados somente na zona urbana de Eirunepé. Algumas ruas da cidade estão submersas e parecem fazer parte do rio. De cima, as vias são identificadas apenas pelo limite e existência das casas. Os moradores têm acesso aos locais por meio de pontes que foram construídas para interligar as residências. Alguns mantêm canoas na frente e nos fundos das casas: o transporte de uso comum do ribeirinho foi adaptado à necessidade dos moradores alagados.

Segundo o secretário de obras do município, Joaquim Neto, conhecido como “Bara”, a medidas de levantar o assoalho das casas é apenas uma das alternativas de uma verdadeira operação que a prefeitura tem realizado para ajudar a população. Ele explica que se não fosse o empenho do prefeito do município, Dissica Valério Tomaz, em montar uma ação conjunta entre as secretarias municipais, a situação poderia estar pior. “A cheia é atípica e pegou o município de surpresa. Não estávamos esperando que o rio subisse tão rápido. Em janeiro o rio já estava com níveis de março”, disse.

Conforme Bara, remédios, comida e gás de cozinha são os itens que a população mais necessita no momento. Ele explica que, apesar da Prefeitura de Eirunepé ter disponibilizado a ajuda médica e medicação à comunidade, a aérea afetada é grande e demanda ajuda do Governo do Estado.

A ajuda humanitária chegou na manhã de ontem, 27, com o envio de aproximadamente 24 toneladas de cestas básicas, além de kits de higiene, produtos de limpeza e remédios disponibilizados pelo Governo do Estado. Os mantimentos foram transportados na aeronave Hércules, modelo C-130, da Força Aérea Brasileira (FAB).

Missão

A equipe partiu do Aeroporto Militar de Ponta Pelada, na Zona Sul de Manaus, às 6h. Duas horas e meia depois, a equipe de militares da Aeronáutica chegou ao Aeroporto Municipal de Eirunepé com ajuda esperada pela população. A reportagem de A CRÍTICA viajou com os militares que participam da operação de ajuda às vítimas da cheia. Esta foi a 5º vez, nas últimas semanas, que a missão desembarcou no interior do Amazonas. A primeira foi em Eirunepé e as outras quatro missões anteriores foram para ajudar a população de Rio Branco, no Acre, que está entre as mais prejudicadas. Segundo o coordenador da Região Metropolitana da Defesa Civil do Estado, coronel João de Matos Suzano, a situação é de atenção por conta da subida do rio Javari (Atalaia do Norte e Benjamin Constant) e ao rio Solimões, que também está acima do nível normal para o período.

Vítimas terão cartão solidário

Por determinação do Governo do Estado, as 11.180 famílias da calha do Juruá, afetadas pela enchente, serão beneficiadas com o cartão “Amazonas Solidário”, que irá disponibilizar recursos da ordem de R$ 4 milhões, sendo R$ 400 para cada família. O “Amazonas Solidário” está sendo disponibilizado pelo governo estadual em parceria com o banco Bradesco.

 O titular do Subcomando de Ações de Defesa Civil (Subcomadec), tenente-coronel Roberto Rocha, a situação já está sob controle. “Já temos informações do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) e CPRM (Serviço Geológico do Brasil) que tanto as chuvas quanto a subida dos rios já estabilizaram, ou seja, a enchente, ao que tudo indica, já atingiu o ápice”, disse o coronel.

Uma força-tarefa de vários órgãos foi mobilizada para agilizar o cadastramento das famílias, que será feito casa a casa, a partir desta terça-feira(28).

Cidade-polo

 Aproximadamente 26 mil pessoas em sete municípios que estão em situação de emergência na calha do rio Juruá (Eirunepé, Guajará, Ipixuna, Envira, Itamarati, Carauari e no município que dá nome ao rio) foram afetadas pela cheia. O número corresponde a 6.048 famílias. O Município de Eirunepé figura como polo de distribuição dos produtos de ajuda para os Municípios de Envira, Guajará e Ipixuna.

FONTE: http://acritica.uol.com.br/amazonia/Doencas-autoridades-municipios-Jurua-Amazonas_0_654534559.html

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