Hidrelétricas e o IPCC: 2 – Barragens nos relatórios e diretrizes

O Relatório Especial do IPCC sobre Fontes Renováveis de Energia e a Mitigação da Mudança Climática [1] resumiu as suas conclusões sobre as emissões de hidrelétricas assim: “atualmente não há consenso sobre se os reservatórios são emissores líquidos ou sumidouros líquidos” ([2], p. 84). O relatório classificou as hidrelétricas como tendo metade ou menos impacto por kWh de eletricidade gerada em comparação a qualquer outra fonte, incluindo eólica e solar ([3], p. 982) (Figura 1).

Um fator que pode, em parte, explicar a conclusão do relatório que as hidrelétricas têm emissões muito baixas é a preponderância de locais temperados e boreais entre as barragens existentes. Embora o quadro-resumo indique que três valores foram usados de barragens tropicais, nenhuma das 11 fontes utilizadas no estudo de todas as zonas climáticas ([3], p. 986) parece dizer respeito a represas tropicais (Tabela 1).

 Apenas uma fonte listada diz respeito ao Brasil [4]. Esta é uma análise de ciclo de vida da hidrelétrica de Itaipu, que está localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai e não é uma represa tropical. As estimativas de gases de efeito estufa usadas no estudo de Itaipu são os números oficiais que omitem a emissão a partir das turbinas e que subestimam as emissões de superfície do reservatório por um fator de três devido a erros matemáticos ([5]; ver também [6]).  Apenas quatro das 11 fontes utilizadas no relatório especial do IPCC são de literatura publicada com avaliação pelos pares (Tabela 1) [18].

PHILIP M. FEARNSIDE

 

Philip M. Fearnside é doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM), onde vive desde 1978. É membro da Academia Brasileira de Ciências e também coordena o INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) dos Serviços Ambientais da Amazônia. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. Tem mais de 500 publicações científicas e mais de 200 textos de divulgação de sua autoria que estão disponíveis neste link

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