Agricultura sustentável requer organização de produtores

O primeiro passo na transição da agricultura brasileira para um modelo de produção sustentável deve ser a organização dos produtores brasileiros. O ponto de vista foi expresso pelos participantes de audiência pública realizada ontem (26/05/11) pela Subcomissão Temporária de Acompanhamento da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio 20), vinculada à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal.

Para Helinton Rocha, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a organização dos produtores, via associações e cooperativas, pode ajudá-los inclusive a se beneficiarem do fair trade (ou comércio justo). Trata-se de uma modalidade de transação internacional que, além de preços justos, valoriza padrões sociais e ambientais equilibrados nas cadeias produtivas.

DIFICULDADES

Representante do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Paulo Guilherme Cabral concordou com Rocha e disse que, sem a organização dos agricultores, o Brasil terá muitas dificuldades para adotar práticas produtivas sustentáveis.

Rodrigo Justus de Brito, da Confederaçao da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), disse que é preciso mostrar aos produtores as vantagens de inserção em um novo modelo produtivo. E mais: segundo ele, é preciso que eles “sintam no bolso” a importância dessas práticas, como fizeram quando passaram a adotar o manejo integrado de pragas.

RIO 20

Para ajudar o país a ter uma posição de liderança na Rio 20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável prevista para junho de 2012 no Rio de Janeiro, a subcomissão temporária, presidida pelo senador João Pedro (PT-AM), está ouvindo especialistas e, até setembro, deverá realizar diligências fora doSenado Federal.

O representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência(SBPC), Sebastião Barbosa, apresentou à subcomissão algumas experiências bem-sucedidas em busca da sustentabilidade.
Uma delas é o sistema de plantio direto, sem revolvimento do solo, por meio de equipamentos e manejos adaptados. O plantio é feito diretamente na palhada dos cultivos anteriores, que fica na superfície do solo. Isso possibilita protegê-lo contra a erosão e perda d’água. De acordo com Barbosa, esse é um dos mecanismos mais importantes da agricultura auto-sustentável.

ECONOMIA

Outra técnica que o Brasil pode apresentar na Rio 20, citada por Barbosa, é a fixação biológica de nitrogênio, elemento abundante na atmosfera, mas não assimilável pelas plantas e pelos animais. Tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Embrapa prevê o uso de microrganismos para transformar o nitrogênio existente no ar atmosférico em formas assimiláveis por plantas e animais.

Segundo Barbosa, o cultivo da soja no Brasil já é feito sem a aplicação de fertilizantes nitrogenados, com economia de US$ 2 bilhões por ano. Essa tecnologia disponível na Embrapa, além de proporcionar economia, evita problemas para o solo e a poluição dos cursos d’água.

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